Foto: Rui Santos - 1876
13
de maio – O que comemorar?
É evidente que a data é um
importante marco para determinar o fim de uma questão que vinha aos poucos se
tornando inadiável para um país que carregava o triste fardo de ser o último a
manter ativa a escravidão. O que não podemos é simplificar a questão
acreditando que bastou uma Lei para que as coisas se modificassem. A escravidão
deixou marcas difíceis de serem apagadas da nossa memória. Muitos foram os
movimentos, muitas foram as lutas para que a questão começasse a ser pensada
como necessária para o processo civilizatório da humanidade. Nomes como:
Joaquim Nabuco, Andre Rebouças, Maria Firmina dos Reis, Luiz Gama, entre tantos
outros, são deixados em segundo plano para que a história possa exaltar a
figura da princesa salvadora. Apesar de ser notório o fato de a família
imperial ser favorável a abolição, não podemos deixar de ressaltar que aqui
(como hoje em dia) a questão econômica foi posta acima dos interesses dos
abolicionistas para que os mais ricos pudessem manter seu status. Quando a assinatura
do documento se mostrou inevitável, infelizmente não veio acompanhada de planos
de ação para minimizar os efeitos nocivos que mais de três séculos de escravidão
impuseram aos negros. Embora existissem projetos nesse sentido, eles foram
ignorados. Como resultado, essa população, em sua maioria, foi marginalizada,
muitos negros voltaram para suas senzalas para garantir alguma condição de
sobrevivência, outros tantos se aglomeraram em favelas e cortiços sem infra estrutura
adequada. Os efeitos de todo esse descaso podem ser sentidos ainda hoje, quando
percebemos a dificuldade dos negros de se inserirem em boas universidades, em
postos de trabalho bem remunerados, em determinados ambientes majoritariamente
brancos, quando percebemos que os dados da violência do Brasil perpassam por questões
de raça e quando, mesmo em pleno século XXI, ainda precisamos de movimentos e
manifestações para garantir direitos e respeito a nossa cor.
E o mais impactante nisso
tudo é pensar que passados tantos séculos ainda existem pessoas firmes no propósito
de provar que existem diferenças entre brancos, pardos, mulatos, índios,
ocidentais, orientais, nordestinos, sulinos, homens, mulheres, umbandistas, evangélicos,
etc.
Será que a humanidade tem jeito?
Será que antes de acabarmos com o planeta, conseguiremos acabar com os preconceitos?
A única coisa que podemos
comemorar hoje em dia é que estamos vivos para continua lutando por mudanças e
trabalhando para criar um mundo melhor.