Imagem: Aron Visuals/Unsplash
Olá pessoas!
Dentre
todas as situações experimentadas neste período de isolamento social por conta
do vírus da COVID-19, voltar ao blog talvez seja a mais grata surpresa que me
ocorreu. Passaram-se 13 anos desde que aqui postei pela primeira vez às voltas
com meus artesanatos e afins. Muita água rolou nesse tempo e hoje aqui retorno
para iniciar uma nova fase da minha vida. Essa fase se chama “assumindo minha
vocação de professora”. Pois é, realizei meu sonho de me diplomar em história e
hoje sou professora da rede pública do estado de São Paulo. Estou lecionando há
apenas três anos e cada dia fico mais admirada com o grande aprendizado que
esta profissão me proporciona. Tenho percebido mais do que nunca o quanto o
tempo é um bem precioso. A falta dele pode nos distanciar de pessoas, de coisas
que nos dão prazer, de viver plenamente. O isolamento nos dá tempo de sobra
para fazer várias coisas que antes não fazíamos pelo fato de o tempo ser muito
curto.
Então, lá vou eu,
com tempo e com ânimo para escrever, ler, publicar, sonhar enquanto ainda tenho
tempo. Tempo, tempo, tempo, mano velho...
O foco aqui agora
será a história, mas, como nunca segui regras, vou falar um pouco sobre
qualquer coisa que me apeteça.
E história tem tudo
a ver com tempo, a passagem do homem pelo mundo e todas as mudanças e
transformações decorrentes dela. Estudamos o tempo passado para tentar
compreender o presente e decorrido tanto tempo da história da humanidade ainda
nos perguntamos qual o sentido da história? O historiador Francês Philippe
Ariès (1914-1984) em seu livro “O tempo da história” faz uma reflexão sobre
isso. A partir de sua vivência pessoal ele analisa os processos de construção
do tempo histórico sobre diversos aspectos, e aponta como ao fim do processo o
que se destaca é uma história coletiva, ignorando-se as individualidades.
E já que estou
falando de tempo, que tempos são esses? Estamos fazendo parte de um processo
histórico que certamente irá figurar nos livros futuros como um tempo de dor,
escassez e certamente de mudança de paradigmas. Não mais poderemos ignorar que
toda essa passagem humana ao longo da história conhecida causou mudanças
irreversíveis no meio ambiente e nas relações sociais. O modo de vida
contemporâneo, principalmente, pautado no consumo desenfreado e insustentável,
transformou o mundo em que vivemos em um produto passível de ser explorado,
consumido e modificado ao sabor do interesse das grandes potências econômicas,
a fim de alimentar um sistema que parece não se esgotar jamais. Mas, ele se
esgota, e foi necessário um isolamento forçado para percebermos que o capital
não está acima das vidas humanas. O capital não existe sem as vidas humanas. A
história se compõe de vidas e o papel que Ariès tanto destacou das vivências
individuais como elemento formador da história, vidas essas historicamente
ignoradas pelo “mais forte”, não pode ser depreciado.
Em que momento as
pessoas perderam o interesse de conhecer sua própria história? Por que
reproduzimos erros do passado como se não soubéssemos o fim da história? Por
que continuamos a devastar nosso mundo como se não houvesse amanhã? São muitas
perguntas, não me cabe apontar onde estão os erros e quais são os caminhos,
mas, me cabe a reflexão e a mudança da parte que me cabe desse latifúndio.
Obrigada e até
breve.
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